06 de dezembro de 2024
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📚 Cannabis Medicinal vs Maconha Medicinal

A cannabis é uma planta com múltiplos usos, e a forma como ela é consumida e para que fim varia muito. Dois dos principais tipos de consumo de cannabis são o uso medicinal e o recreativo. Apesar de ambas as formas utilizarem a mesma planta, existem diferenças importantes, especialmente em relação aos efeitos, à legalidade e ao propósito de uso.

O que é Cannabis Medicinal?

Uso Terapêutico e Controlado

A cannabis medicinal refere-se ao uso da planta ou de seus derivados para fins terapêuticos. Os canabinóides, como o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol), são os compostos mais conhecidos dessa planta. O CBD tem propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas e analgésicas, enquanto o THC pode ajudar no controle da dor, no alívio de náuseas e até no tratamento de distúrbios como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

No uso medicinal, a cannabis é consumida de forma controlada, com prescrições médicas e acompanhamento especializado. Isso garante que os pacientes recebam os benefícios terapêuticos desejados, com os menores riscos possíveis. Ela pode ser usada em várias formas, como óleos, cápsulas, cremes, tinturas e até flores secas, dependendo do quadro clínico.

O que é Maconha Recreativa?

Alivio e Prazer

A maconha recreativa, por outro lado, é consumida por pessoas que buscam efeitos psicoativos, ou seja, o "barato" que é causado principalmente pelo THC. Esse uso é mais comum em contextos de lazer, e a planta é frequentemente fumada ou vaporizada para um efeito imediato. A legalidade da maconha recreativa varia de país para país, com algumas nações permitindo seu uso sob certas condições e outras restringindo-o totalmente.

O principal objetivo da maconha recreativa é o prazer e o relaxamento, e seu consumo não envolve necessariamente um acompanhamento médico. O THC presente na maconha recreativa é mais concentrado, o que pode aumentar os efeitos psicoativos, e o controle sobre a dosagem nem sempre é preciso, o que pode levar a riscos, especialmente em consumidores iniciantes ou em pessoas com condições de saúde preexistentes.

Similaridades e Diferenças

  • Compostos: Ambos os tipos de cannabis podem conter THC e CBD, mas a proporção desses compostos pode variar. A cannabis medicinal geralmente tem um maior foco em CBD e uma dosagem controlada de THC, enquanto a maconha recreativa tende a ter maior concentração de THC.
  • Objetivo: O objetivo da cannabis medicinal é o tratamento de condições de saúde, com o foco no alívio de sintomas de doenças. A maconha recreativa, por outro lado, é consumida principalmente para prazer, relaxamento e alívio de estresse, mas também pode oferecer benefícios terapêuticos, dependendo do contexto e da pessoa.
  • Controle e Acompanhamento: A cannabis medicinal é utilizada sob supervisão médica, com dosagem e forma de consumo ajustadas de acordo com as necessidades do paciente. No uso recreativo, embora o THC também tenha efeitos terapêuticos, o consumo é frequentemente feito sem orientação profissional, o que pode aumentar os riscos de dosagem inadequada ou efeitos adversos.

Cannabis Medicinal para que serve?

A cannabis medicinal é utilizada para tratar uma variedade de condições e sintomas, oferecendo uma alternativa terapêutica baseada nos compostos naturais da planta, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC). Alguns dos principais usos da cannabis medicinal incluem:

  1. Controle da dor: A cannabis é eficaz no alívio da dor crônica, incluindo dores associadas a condições como artrite, esclerose múltipla, fibromialgia e dor neuropática.
  2. Transtornos neurológicos e psiquiátricos: Ela pode ser usada no tratamento de condições como Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), ansiedade, depressão, transtornos do sono, e transtornos obsessivo-compulsivos (TOC).
  3. Tratamento de náuseas e vômitos: Especialmente útil em pacientes com câncer que estão fazendo quimioterapia, a cannabis pode ajudar a reduzir náuseas e vômitos induzidos pelo tratamento.
  4. Controle de convulsões: A cannabis, principalmente o CBD, tem mostrado ser eficaz no controle de crises e convulsões em pessoas com epilepsia e outras condições neurológicas.
  5. Melhoria do apetite: A cannabis pode ser usada para estimular o apetite em pacientes com perda de apetite devido a doenças como câncer, HIV/AIDS, ou doenças crônicas.
  6. Tratamento de distúrbios inflamatórios: A cannabis tem propriedades anti-inflamatórias e pode ser usada para condições inflamatórias crônicas, como doenças autoimunes e doenças intestinais inflamatórias.
  7. Saúde mental: O uso de cannabis medicinal pode ser uma opção de tratamento para ansiedade e depressão, especialmente quando outros tratamentos não são eficazes.
  8. Controle de sintomas de doenças degenerativas: Ela pode ser útil no tratamento de doenças como Parkinson e Alzheimer, ajudando a aliviar tremores e melhorar a qualidade de vida.

Esses benefícios são alcançados por meio de uma administração controlada e supervisionada, com a dosagem personalizada de cannabis, geralmente sob orientação médica. A forma de consumo pode variar, sendo feita por óleos, cápsulas, cremes, ou até mesmo flores secas, dependendo das necessidades do paciente e das condições tratadas.

Uso Medicinal do Canabidiol

O CBD pode ser administrado de várias maneiras, dependendo da condição e da necessidade do paciente:

  • Óleos e tinturas: São formas comuns de consumo, permitindo uma dosagem controlada e rápida absorção.
  • Cápsulas e comprimidos: Oferecem uma dosagem precisa, sendo uma boa opção para quem prefere uma forma de consumo discreta e fácil.
  • Cremes e pomadas: Usados para condições de pele ou dores localizadas, os produtos tópicos de CBD ajudam a aliviar inflamações e desconfortos musculares.
  • Flores e vaporizadores: Algumas pessoas preferem consumir o CBD por meio da vaporização, que oferece uma absorção rápida, embora seja mais comum no uso recreativo.
  • Alimentos e bebidas: O CBD também pode ser infundido em comestíveis, como balas, chocolates e chás.

Considerações Importantes

Embora o CBD seja geralmente bem tolerado, seu uso deve ser supervisionado por um profissional de saúde, especialmente em casos de condições crônicas ou tratamentos concomitantes com outros medicamentos. A dosagem de CBD pode variar de acordo com a condição tratada e a resposta individual do paciente.

Será que no final tudo é medicinal?

A linha entre o uso recreativo e medicinal da cannabis nem sempre é tão clara, e muitos defendem que a cannabis, em qualquer forma, tem potenciais terapêuticos. Por exemplo:

  • Uso Recreativo com Benefícios Terapêuticos: Muitas pessoas que usam cannabis recreativamente buscam alívio de estresse, ansiedade, insônia e dor. Esses efeitos podem ser vistos como terapêuticos, especialmente para quem não tem acesso ou não busca tratamentos médicos convencionais. Assim, mesmo que o objetivo seja o prazer ou relaxamento, o consumo da cannabis pode ter um impacto positivo na saúde mental e emocional, tornando-se, de certa forma, uma forma de autocuidado.
  • Automedicação: Há muitas pessoas que não procuram um profissional de saúde, mas usam cannabis para tratar seus sintomas de maneira pessoal. Essa "automedicação" pode ser muito eficaz, mas também apresenta riscos devido à falta de acompanhamento profissional. No entanto, a intenção ainda pode ser a de buscar uma solução para questões de saúde, mesmo que o objetivo não seja explicitamente terapêutico de uma perspectiva formal.
  • A Natureza Multifacetada da Cannabis: A cannabis tem uma ampla gama de efeitos no corpo e na mente, com compostos como o THC e o CBD agindo de maneiras diferentes para aliviar condições como dor, ansiedade, insônia e muito mais. Independentemente de ser usada para fins recreativos ou médicos, esses efeitos são terapêuticos de alguma forma.

A Perspectiva Integrativa

De certa forma, tudo pode ser medicinal, dependendo de como o consumo de cannabis se alinha às necessidades e ao contexto do usuário. A cannabis tem efeitos fisiológicos e psicológicos, e esses efeitos podem ser benéficos, independentemente de o objetivo ser recreativo ou terapêutico.

O ponto importante é que, quando falamos de "uso medicinal", estamos geralmente nos referindo ao uso da cannabis com a intenção de tratar ou gerenciar condições específicas de saúde. Já o "uso recreativo" envolve, normalmente, o prazer e o bem-estar pessoal, mas isso não significa que os efeitos da cannabis nesse contexto não sejam benéficos ou terapêuticos.

Conclusão

No final das contas, tudo depende do olhar e da intenção do usuário. Pode-se argumentar que, em muitos casos, a cannabis acaba sendo medicinal de alguma forma, seja aliviando sintomas de doenças diagnosticadas ou simplesmente proporcionando bem-estar e conforto. Mas a diferença está no controle, dosagem e supervisão: no uso medicinal, há uma abordagem mais estruturada e voltada para o tratamento de condições de saúde específicas, enquanto o uso recreativo tende a ser mais espontâneo e sem a mesma orientação.

A ideia de que tudo pode ser medicinal é, em muitos aspectos, uma reflexão interessante sobre o potencial da cannabis, mas, para garantir segurança e eficácia, especialmente em condições de saúde mais complexas, o uso controlado e orientado por profissionais continua sendo fundamental.